Bienal Internacional do Livro do CearáBook FairsBooks and Publishing

Sob o olhar dos curadores Conceição Evaristo, Tércia Montenegro, Talles Azigon e Daniel Munduruku, a Bienal Internacional do Livro do Ceará abre o ano com ações preparativas da Pré-Bienal

Em sua 14ª edição, a Bienal Internacional do Livro do Ceará, suspensa em 2021 por ocasião das medidas sanitárias estabelecidas para proteção da população, abre o ano de 2022 com a expectativa de uma grande festa do livro e da leitura. Com o objetivo de preparar o ambiente para o evento, que ocorrerá no segundo semestre de 2022, em data ainda a ser definida, será realizada a partir da segunda-feira, dia 24 de janeiro, seguindo até o dia 31 de março, a Pré-Bienal do Livro.

Com uma ampla programação, adaptada aos novos tempos, dividida entre atividades presenciais e virtuais, sempre respeitando a capacidade de ocupação dos espaços e seguindo todos os protocolos sanitários exigidos, a Pré-Bienal visa o fortalecimento da promoção do livro, da leitura e da literatura brasileira, mas com foco especial na produção cearense. A abertura da Pré-Bienal será na segunda-feira, dia 24, às 19 horas, com a apresentação da Programação e um Bate-Papo com os Curadores, os escritores Conceição Evaristo, Tércia Montenegro, Talles Azigon e Daniel Munduruku, responsáveis pela curadoria dos dois eventos, Pré-Bienal e Bienal. O encontro será conduzido pelo Secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba, e ocorrerá sob a forma de transmissão virtual pelo canal da Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) no YouTube.

A programação da Pré-Bienal do Livro do Ceará contará com Rodas de Conversa, Palestras e Mesas de Debates; com o projeto Bienal Escuta; com oficinas temáticas e lançamentos de livros; além de atividades de Leituras Públicas e espetáculos lítero-musicais (ver programação completa aqui), entre outras. As atividades e ações culturais serão realizadas na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) e ampliando sua presença em outros locais fora do espaço físico da Bece, em diversos ambientes e territórios, com ações presenciais e virtuais, com e sem a presença de público, de acordo com as orientações sanitárias.

A Pré-Bienal Internacional do Livro do Ceará é uma ação da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), por meio da Coordenadoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (CLLLB), e realizada pela Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece), por meio do Instituto Dragão do Mar.

“Em função da pandemia, não tivemos condições de realizar a Bienal Internacional do Livro do Ceará em 2021. Como o desejo de realizá-la é muito grande, pois se trata de um evento com enorme grau de pertencimento, decidimos realizar atividades prévias que servirão como ações de mobilização poética e social, antecipando um pouco o conceito, o programa e o espírito da nossa Bienal em 2022”, adianta o secretário da Cultura, Fabiano Piúba. “Para começar, já temos o tema desta edição: Diversidade. A diversidade em sua plenitude étnica, cultural, natural, artística, territorial, de gêneros e de espécies. Assim, juntamos os conceitos de diversidade e bibliodiversidade que vão marcar o tom e o espírito cultural, educativo e político da edição de 2022. Com a Pré-Bienal vamos criando e regando um terreno fértil numa programação que vai se encorpando para quando a Bienal chegar plenamente”, reforça Piúba.

Assim como a Bienal do Livro, que ocorrerá no segundo semestre, a Pré-Bienal conta com a curadoria das escritoras Conceição Evaristo e Tércia Montenegro e do poeta Talles Azigon. Com a realização em 2022, o grupo curatorial cresce com a chegada do escritor Daniel Munduruku. É com essa pluralidade de vozes que o evento começa a ser gestado, em uma construção coletiva.

“Temos a satisfação nesse momento de já termos a curadoria definida com a escritora Conceição Evaristo, Daniel Munduruku, Talles Azigon e Tércia Montenegro, um corpo curatorial de extrema qualidade ética e estética, que traduz o espírito político da diversidade que vamos fazer acontecer na Bienal do Livro do Ceará. Ela será linda e vai lançar não só luzes, mas raios e trovões, flechas e cocares, tambores e maracás para todo o Brasil”, ressalta o secretário da Cultura Fabiano Piúba.

Para a diretora-presidenta do Instituto Dragão do Mar (IDM), Rachel Gadelha, começar 2022 com a programação da Pré-Bienal “é ao mesmo tempo uma necessidade, um sinal de perseverança e de

esperança”. “Esperança de que tempos difíceis sempre passarão. Necessidade, pois a arte, a literatura, o livro e a leitura nos ajudam a atravessá-los. Perseverança, pois junto com a Secult Ceará, seguimos trabalhando para que o direito à cultura seja efetivado, nesse modelo de parceria entre o poder público e a sociedade civil organizada. Para o IDM, é um honra estar presente em mais uma edição deste importante evento do calendário cultural cearense”, reforça Rachel Gadelha.

Histórico

Com treze edições realizadas, a Bienal Internacional do Livro do Ceará é um evento literário que veio crescendo a cada edição e se consolidando como um evento cultural estruturante do Governo do Ceará, sendo um dos maiores do Brasil do seu tipo, por sua importância para a economia do livro, sendo esperada por diversos profissionais do mercado editorial brasileiro.

“As Bienais e Feiras Literárias são eventos calendarizados que tanto visam a valorização do livro e da leitura no imaginário simbólico, quanto a difusão da literatura e da informação, do conhecimento, mas além da importância sociocultural também são fundamentais para o fomento à economia do livro e a Bienal do Ceará ganhou relevância nesse cenário. É um evento aguardado. O momento nos traz desafios e como evento estruturante para a política do livro no Ceará, precisamos nos reinventar nas condições que o momento impõe”, explica Goreth Albuquerque, da Coordenadoria do Livro, Leitura, Literatura e Diversidade.

Das Atividades

Historicamente, entre fevereiro e março do ano da Bienal são anunciados o período de realização do evento e a lista de divulgação dos primeiros convidados confirmados. Nesta edição, muitos dos convidados serão propostos durante a Pré-Bienal.

Com atividades híbridas, a programação de pré Bienal mantém o mesmo espírito democrático, diverso e rico estando presente principalmente na Bece, mas também em outros equipamentos da Secult Ceará.

“A Biblioteca Pública Estadual do Ceará, historicamente, exerce um papel de referência na implementação das políticas de livro, leitura, literatura do estado e a Bienal Internacional do Livro é o evento que melhor traduz os eixos e ações dessa política, por meio de uma ampla e diversificada programação. Em 2022, a Biblioteca atuará na realização da programação prévia, acolhendo atividades que fortalecem o conceito, o espírito e a abrangência do tema da Bienal” , afirma Suzete Nunes, gestora executiva da Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece), Suzete Nunes.

A programação cultural e de formação da pré-Bienal visa promover encontros temáticos entre escritores, ilustradores e mediadores de leitura e as comunidades de diferentes contextos, na perspectiva de aproximar o evento da população. Os encontros, oficinas, palestras e mesas, contribuem para elucidar e reforçar o papel da Bienal e suas práticas culturais que reforçam a dimensão simbólica do livro, da literatura e da leitura como direito cultural.

Realizada pela Bece, uma célula da Coordenadoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas da Secult Ceará, a programação celebrará também algumas efemérides, sendo a principal delas, o aniversário da biblioteca, dia 25 de março.

“É grande, imensa, a alegria que a Biblioteca Pública do Estado do Ceará-BECE – quando comemora 155 anos de atividades – 25 de março, 1867-2022 – tem em acolher, atuar e realizar no seu espaço, as atividades da programação da pré-Bienal Internacional do Livro do Ceará. Cabeça do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, a BECE promove e realiza ações culturais que alimentam o pensamento, e criam expectativas para com a Bienal, evento este que congrega Bibliotecas, bibliotecários e profissionais, técnicos, visitantes e o público em geral, há 14 edições – desde 1994, reafirmando a importância destas instituições como equipamentos/espaços de informações, conhecimentos e fruição de uma sociedade letrada”, ressalta a diretora geral da BECE , Enide Vidal.

Com o objetivo de aproximar diversos públicos, a organização da pré-Bienal Internacional do Livro do Ceará oferecerá atividades multidisciplinares para públicos variados: crianças, jovens, adultos e idosos; interessados em poesia, em escrita literária, em mediação de leitura etc, em uma programação plural e gratuita.

Sobre a extensão e alcance da Bienal, a escritora cearense e curadora desta edição, Tércia Montenegro assinala que “A Bienal, que já se estabeleceu como um dos eventos mais aguardados no calendário da nossa cidade, quer ampliar o seu alcance , sempre contemplando em suas ações a multiplicidade, nas atividades e nos acessos, para que o público receba todo o potencial da arte literária, com seus efeitos transformadores” .

Tema

Com uma estrutura que resulta de anos de diálogo com muitos profissionais, pensar a próxima Bienal Internacional do Livro do Ceará é sempre um desafio no sentido de encontrar uma interpretação da temática que expresse as múltiplas vozes e interesses do campo do livro no encontro com o público leitor.

“A Bienal não celebra apenas o livro, objeto, produto cultural, e sim todas as dimensões da linguagem poética, por isso é um desafio como curador dar conta de um universo tão amplo e diverso, é isso que trabalhamos para realizar”, ressalta Talles Azigon, poeta e editor que compõe o grupo curatorial.

A temática definida para esta Bienal foca na Diversidade, sendo anunciada ao final da Bienal de 2019, juntamente com os curadores desta edição. “Livro, Leitura, Literatura e Diversidade” – esta edição da Bienal trará, principalmente, um olhar crítico, que busca debater questões sociais e a força da literatura para afirmação de identidade e para a construção de um pensamento mais plural e mais humano em tempos de crise.

“Acreditamos que o tema proposto para esta Edição “Diversidade” e o compromisso de trabalhar o conceito em toda sua gama significação, não somente teórica, mas, prática. Nos coloca como curadoras e curadores no terreno de uma ação política tão necessária nos dias de hoje. A ação, o exercício da democracia, onde o diverso, seja no plano individual ou coletivo, se afirme pelo direito de ser em sua diversidade. Direito de ser que supõe direito à representatividade. Em estados democráticos os espaços físicos e simbólicos devem ser de pertença de todas, todes e todos. Uma Bienal do Livro mais democrática será se ocupar espaços do centro à periferia e se a periferia se fizer presente como força ativa, como protagonista também do evento. Estamos empenhados para que democraticamente a diversidade exerça o seu direito e o seu prazer de ser”, destaca Conceição Evaristo.

Bienal Internacional do Livro do Ceará

A Bienal Internacional do Livro do Ceará proporciona a cada participante a experiência de protagonizar uma saga literária individual ou coletiva, portal para epopeia da bibliodiversidade, através de programação ampla e diversificada, num equilíbrio entre autores consagrados e a nova geração.

O tema traz em si infinitas possibilidades de diversidade de expressões, de multiplicidade de vozes, de incontáveis narrativas a proporcionar conexões transculturais em harmonia com os princípios norteadores construídos pela Bienal Internacional do Livro do Ceará.

Na 14ª edição, o tema “Leitura, Literatura e Diversidade” é expresso em seu conceito de convite ao encontro, ao diálogo e à volta ao cuidado como princípio. Esse conceito possibilita estruturar uma programação que aborda as questões da diversidade e da relação humana com a terra, em uma proposta de integração de todas as dimensões do humano em suas várias humanidades, cabendo as narrativas de diversos povos, em um mundo sem fronteiras.

“O Brasil é um país que tem vocação para a felicidade, costumo dizer. E a felicidade do Brasil está na sua diversidade: de vozes, de saberes, de culturas, de fazeres, de temperos, de melodias, de movimento dos corpos. É preciso caminhar para a valorização dessa diversidade olhando para a nossa história, para nossos ancestrais. É a única possibilidade de caminharmos para frente e construirmos o Brasil que queremos e merecemos. Trazer essa multiplicidade de vozes para o palco da bienal é um grito de liberdade”, destaca o escritor e curador, Daniel Munduruku.

A Bienal busca alcançar e incluir as regiões brasileiras, com suas expressões particulares e orgânicas. Não se trata apenas de diversidade geográfica, serão contempladas, também as de gênero, de experiência pessoal ou social, literária e artística.