Seja através de olhares nascidos por aqui ou visões de fora, a Amazônia é cenário de histórias contadas no cinema há muito tempo. Um passeio pelos últimos 100 anos do cinema feito na maior floresta tropical do planeta é a proposta da 8ª Mostra de Cinema da Amazônia, que ocorre de maneira totalmente virtual entre os dias 16 e 22 de setembro.
Com curtas-metragens, médias, longas, documentários e cinejornais, a programação traz títulos nacionais e estrangeiros, e resgata filmes raros e produções inéditas, além de promover debates com grandes nomes do audiovisual brasileiro. O evento é totalmente transmitido pelo canal Mostra Cinema da Amazônia no YouTube – plataforma que também vai hospedar todo o catálogo de filmes do festival.
A Mostra é um evento itinerante e gratuito que utiliza o cinema como ferramenta de intercâmbio cultural entre a Amazônia e o mundo. A primeira edição ocorreu em Paris (2005), e desde então já passou por cinco países, pelos oito estados da Amazônia Legal, exibiu 180 filmes e alcançou mais de 10 mil pessoas no Brasil e na Europa.
Em sua oitava edição, a Mostra será toda on-line e vai exibir obras produzidas de 1921 a 2021 – um panorama diverso sobre o cinema realizado na Amazônia brasileira ao longo de um século.
“A Mostra sempre exibiu filmes feitos na Amazônia, e por realizadores amazônicos. Agora, optamos por ampliar essa proposta: vamos exibir filmes de diretores locais, nacionais e estrangeiros. Será uma espécie de mosaico formado por diversos olhares sobre a região, e de como a Amazônia é interpretada a partir de diretores de diferentes lugares”, destaca Eduardo Souza, coordenador do projeto.
A programação é fruto de décadas de pesquisa sobre a produção audiovisual na região e traz obras que até então estavam restritas a museus e cinematecas, tornando-os acessíveis a qualquer lugar do mundo, já que as obras da mostra ficarão disponíveis para sempre no canal do evento.
“Vamos disponibilizar essas produções com qualidade e no formato para se ver em tela grande. Alguns filmes nós mesmos resgatamos a partir de telecinagem e digitalização de antigas películas. A ideia é fazer do canal da Mostra uma plataforma gratuita de cinema feito na Amazônia. Isso é de fundamental importância, tendo em vista que as pessoas estão cada vez menos conscientes sobre sua história e suas identidades culturais, especialmente no Brasil, vide a tragédia anunciada que foi o caso do incêndio da Cinemateca Brasileira. Por tudo isso, é fundamental enaltecer nossa memória e nosso patrimônio cultural, ambos muito bem representados no cinema nacional”, diz Eduardo.
O evento começa com uma live em homenagem a Silvino Santos, com participação de Márcio Souza e Aurélio Michiles, e mediação de Marco Antônio Moreira. Na quinta-feira também entram no catálogo da mostra os filmes “No Paiz das Amazonas” (AM – 1922), de Silvino Santos; “O Cineasta da Selva” (SP – 1997), de Aurélio Michiles; e “No Rastro de Eldorado” (AM – 1925), de Silvino Santos.
A programação de lives segue até o final do evento, com mais homenageados como Líbero Luxardo e Pedro Veriano. Outro homenageado é Vicente Cecim, que faleceu recentemente e tem uma programação dedicada no domingo, 19. Serão exibidos os seguintes curtas-metragens feitos por Cecim usando câmera Super-8: “Matadouro” (1975), “Permanência” (1976), “Sombras” (1977), “Malditos Mendigos” (1978), e “Rumores” (1979). No mesmo dia haverá a exibição de um vídeo-homenagem a Vicente Cecim, feito pelo filho, Bruno Cecim.
“Parte do meu projeto, a primeira parte dele, está sendo lançada nesta mostra. É uma homenagem ao meu pai, contém vários depoimentos de amigos, pessoas de Belém, críticos, artistas, várias pessoas. É um trabalho muito bonito e emocionante, com o lançamento da primeira parte nesse festival”, explica Bruno, sobre o vídeo que será exibido na mostra.
Convidados
O evento promove ainda sete lives, com mais de 20 convidados, entre atores, diretores, produtores, críticos e pesquisadores. Um dos destaques é Jorge Bodanzky (SP), diretor que fez história com o seu filme de estreia, “Iracema – Uma Transa Amazônica” que se tornou um dos filmes mais premiados da década 1970 em festivais nacionais e internacionais. A partir de então, Bodanzky construiu uma trajetória cinematográfica voltada para o debate sobre as tensões socioambientais no Brasil em trabalhos como “Jari” (1979), “Terceiro Milênio” (1981) e “Igreja dos Oprimidos” (1985).
Com mais de 10 filmes, Tizuka Yamasaki também participa da Mostra. Nascida no Rio Grande do Sul, ela também dirigiu novelas e seriados. Em 2017, lançou “Encantados”, filme baseado na obra “O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó”, da escritora paraense Zeneida Lima. Também estão nas lives os diretores Aurélio Michiles, de Manaus; e Alex Pizano, de Roraima.
Confira a lista completa de filmes da mostra:
Quinta – 16/09
Longas-metragens
– No Paiz das Amazonas (AM), 1922, 129’, Dir. Silvino Santos;
– O Cineasta da Selva (SP), 1997, 87’, Dir. Aurélio Michiles.
Fragmentos de Longas Metragens
– No Paiz das Amazonas (AM), 1922, 10’30’’, Dir. Silvino Santos;
– No Rastro de Eldorado (AM), 1925, 10’20’’, Dir. Silvino Santos.
Sexta – 17/09
Cinejornal
– Homenagem Póstuma à Magalhães Barata, 1959, 16’, Dir. Líbero Luxardo.
Trailer
– Um Diamante e Cinco Balas, 1968, 2’21’’, Dir. Líbero Luxardo.
Documentários
– Belém 350 Anos, 1966, 11’, Dir. Líbero Luxardo;
– Pescadores da Amazônia, 1970, 11’, Dir. Líbero Luxardo;
– Rio Purus, 1972, 10’, Dir. Líbero Luxardo.
Média e Longa-metragem de Ficção
– Marajó, Barreira do Mar, 1965, 82’, Dir. Líbero Luxardo;
– Brutos Inocentes, 1973, 58’, Dir. Líbero Luxardo.
Sábado – 18/09
Sessão Pedro Veriano (curtas-metragens)
– A Visita, 1951, 8’, Dir. Pedro Veriano;
– O Desastre, 1952, 8’50’’, Dir. Pedro Veriano;
– Deus de Ouro, 1953, 3’ 30’’, Dir. Pedro Veriano;
– O Brinquedo Perdido, 1962, 8’, Dir. Pedro Veriano.
Documentário
– Sobre A Visita, Um Documentário – 2019, 9’30’’, Dir. Cláudia Alvares.
Sessão Milton Mendonça (cinejornais)
– Feira Nacional da Amazônia, 1960, 1’25’’, Dir. Milton Mendonça;
– Av. Almirante Barroso Modernizada, 1960, 1’28’’, Dir. Milton Mendonça;
– Colégio Antônio Lemos, 1963, 5’30’’, Dir. Milton Mendonça;
– Guarasuco – Nova Indústria, 1964, 2’, Dir. Milton Mendonça;
– Premiados Fazem Demonstração, 1964, 3’, Dir. Milton Mendonça;
– Ruiu o Pavilhão da Vesta, 1965, 1’, Dir. Milton Mendonça;
– Rodovia Belém Mosqueiro, 1965 – 1’, Dir. Milton Mendonça;
– O Progresso Rodoviário do Pará, 1965, 7’23’’, Dir. Milton Mendonça;
– Trote de Calouros, 1966, 1’10’’, Dir. Milton Mendonça;
– Gincana de Vespa, 1966, 2’, Dir. Milton Mendonça.
Sessão Fernando Melo
Cinejornais
– O Governador Inspeciona Obras do DNER, 1959, 1’45’’, Dir. Fernando Melo;
– Ministro da Saúde e Prefeito de Belém Inauguram Obras, 1959, 30’’, Dir. Fernando Melo;
– Ministro da Saúde Inspeciona Serviços na Estrada Belém-Brasília, 1959, 1’30’’, Dir. Fernando Melo;
– O Prefeito de Belém Recepciona o Ministro Mario Pinotti, 1959, 1’, Dir. Fernando Melo;
– A Força e Luz do Pará S.A. Inaugura sua Escolinha, 1959 1’, Dir. Fernando Melo.
Documentário
– Bodas de Ouro de Orminda e Francisco Moreira, 1959, 20’, Dir. Fernando Melo.
Domingo – 19/09
Longa-metragem de Ficção
– Ajuricaba, o Rebelde da Amazônia (RJ), 1977, 105’, Dir. Oswaldo Caldeira.
Documentários
– Coluna Norte (SP), 1960, 9’, Dir. Jean Manzon;
– Vila da Barca (PA), 1964, 10’, Dir. Renato Tapajós;
– Amazonas, Amazonas (AM), 1966, 15’, Dir. Glauber Rocha;
– Landi, o Arquiteto Régio do Grão Pará (RJ), 1978, 20′, Dir. Mário Carneiro
Sessão Giovanni Gallo
– Jacaré (PA), 1970, 12’40’’, Dir. Giovanni Gallo;
– Igreja (PA), 1970, 14’, Dir. Giovanni Gallo;
– Barcedo (PA), 1970, 14’, Dir. Giovanni Gallo;
– Famílias (PA), 1970, 6’, Dir. Giovanni Gallo.
Sessão Vicente Cecim (curtas-metragens em Super-8)
– Matadouro (PA), 1975, 9’30”, Dir. Vicente Cecim;
– Permanência (PA), 1976, 18′, Dir. Vicente Cecim;
– Sombras (PA), 1977, 19’30”, Dir. Vicente Cecim;
– Malditos Mendigos (PA), 1978, 17’, Dir. Vicente Cecim;
– Rumores (PA), 1979, 27’, Dir. Vicente Cecim.
Homenagem a Vicente Cecim
– Exibição de vídeo-homenagem a Vicente Cecim, 2021, 10’, Dir. Bruno Cecim;
– Entrevista com Bruno Cecim.
Segunda-feira — 20/09
Longa-metragem de Ficção
– A Selva (AM), 1970, 80’, Dir. Márcio Souza.
Documentários
– O Círio (PA), 1970, 10’, Dir. Ademir Silva, Euclides Bandeira, Hamilton Bandeira e Miracy Silva;
– Sangue e Suor – A Saga de Manaus (AM), 1977, 10’, Dir. Luiz de Miranda Corrêa.
Curta-metragem
– Ver-o-Peso (PA), 1984, 14’30’’ – Dir. Januário Guedes, Peter Roland e Sônia Freitas.
Sessão Jorge Bodanzky (Documentários)
– Jari (SP), 1979, 60’, Dir. Jorge Bodanzky e Wolf Gauer;
– Terceiro Milênio (SP), 1981, 94’, Dir. Jorge Bodanzky e Wolf Gauer;
– Igreja dos Oprimidos (SP), 1985, 75’, Dir. Jorge Bodanzky e Helena Salem.
Terça-feira — 21/09
Longas-metragens de Ficção
– Floresta de Esmeraldas (EUA), 1985, 115′, Dir. John Boorman;
– Brincando nos Campos do Senhor (BR), 1991, 189’, Dir. Hector Babenco.
Sessão Adrian Cowell
– Na Trilha dos Uru-Eu-Wau-Wau (BR), 1984, 50’, Dir. Adrian Cowell;
– Nas Cinzas da Floresta (BR), 1990, 79’, Dir. Adrian Cowell.
Documentário
– Visões da Floresta (GO), 2012, 26’, Dir. Vicente Rios;
Entrevista com Frederico Mael – IGPA PUC-GO (detentora do arquivo Adrian Cowell).
Quarta-feira — 22/09
Longa-metragem de Ficção
– Encantados (SP), 2014, 78’, Dir. Tizuka Yamasaki.
Curta-metragem
– A Cavalgada dos Justos (RR), 2018, 24’, Dir. Alex Pizano.
Documentários
– Yaõkwa – Um Patrimônio Ameaçado (MT), 2009, 60’, Dir. Fausto Campoli e Vincent Carelli;
– As Hiper Mulheres (MT), 2011, 80’, Dir. Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro;
– Paralelo 10 (RJ), 2012, 87’, Dir. Silvio Da-Rin;
– Cultura Amazônica (AM), 2012, 12’, Dir. Márcio Souza;
– Nação do Futebol (PA), 2014, 26’, Dir. Eduardo Souza;
– Yaõkwa – Imagem e Memória (MT), 2020, 21’, Dir: Rita Carelli e Vincent Carelli;
– Tudo por Amor ao Cinema (AM), 2021, 98’, Dir. Aurélio Michiles.