Ecofalante Play apresenta mais de 130 filmes disponíveis gratuitamente para uso educacional
13/05/2021
Redação
A Ecofalante, organização da sociedade civil que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade e que desenvolve atividades em conjunto com a USP, lançou uma nova plataforma de streaming, a Ecofalante Play, para professores, educadores e instituições de ensino que desejam utilizar o cinema como ferramenta para discutir questões socioambientais contemporâneas na educação.
O acervo conta com mais de 130 filmes, entre nacionais e internacionais, sobre temas como emergência climática, consumo, cidades, energia, conservação, economia, trabalho, saúde, entre outros. As obras são selecionadas a partir da curadoria da Mostra Ecofalante de Cinema, evento que acontece anualmente desde 2012 e é hoje o maior festival de cinema com temática socioambiental realizado na América do Sul.
Com a criação da Ecofalante Play, o conteúdo oferecido pela Ecofalante se torna disponível gratuitamente e de forma virtual para todos os docentes da universidade. Para ter acesso aos filmes, os professores precisam realizar, na própria plataforma, um cadastro vinculado à sua instituição de ensino, podendo assim ter acesso ao catálogo de filmes e agendar uma sessão.
“A parceria USP e Ecofalante já acontece há alguns anos e tem sido importante para discutir assuntos pertinentes à sociedade e que encontram apoio em especialistas de nossa universidade. Por meio de vídeos e debates, vários temas já foram abordados. No último ano, por exemplo, foi discutida a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e sua relação com as Mudanças Climáticas que estamos observando atualmente”, destaca Tercio Ambrizzi, superintendente de Gestão Ambiental da USP e professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). “Debates com pesquisadores altamente qualificados e sua divulgação para um público fora da universidade contribuem para conscientizar a sociedade sobre este e outros importantes assuntos”, diz Ambrizzi a respeito das Mostras de Cinema realizadas pela parceria.
Tercio Ambrizzi, professor da USP e superintendente de Gestão Ambiental da Universidade – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens
Produções em destaque na plataforma
Entre os filmes que estão disponíveis na nova plataforma, destacam-se produções premiadas em diversos festivais ao redor do mundo e que foram sucesso na edição mais recente da Mostra Ecofalante de Cinema.
No eixo Emergência Climática, a produção francesa que rodou inúmeros festivais internacionais Breakpoint: Uma Outra História do Progresso, dirigida por Jean-Robert Viallet, analisa 200 anos de desenvolvimento para fornecer uma visão alternativa de nossa história do progresso. A Era das Consequências (EUA) investiga, pelas lentes da Segurança Nacional norte-americana, os impactos das mudanças climáticas em conflitos ao redor do mundo, revelando como a escassez de água e alimentos, a seca, as condições climáticas extremas e a elevação do nível do mar funcionam como “catalisadores de conflitos”. O filme é assinado por Jared P. Scott, mesmo diretor de A Grande Muralha Verde, documentário produzido por Fernando Meirelles. Já Obrigado, Chuva (Noruega/Reino Unido) é assinado por Julia Dahr, eleita pela Forbes como uma das 30 personalidades jovens que estão definindo a mídia mundial. A cineasta acompanha um pequeno agricultor queniano para registrar os impactos das mudanças climáticas e a obra foi selecionada para os festivais IDFA – Amsterdã, CPH:DOX e Hot Docs.
O tema Consumo conta com Ladrões do Tempo, uma coprodução Espanha/França dirigida por Cosima Dannoritzer que investiga como o tempo se tornou uma nova fonte cobiçada. Premiada no United Nations Association Film Festival, a obra ouve especialistas para revelar o quanto a monetização do tempo, por um sistema econômico agora predominante, afeta a vida cotidiana. Temos ainda o canadense Beleza Tóxica, de Phyllis Ellis, exibido no festival HotDocs – um documentário contundente sobre a falta de regulação da indústria cosmética e sobre o verdadeiro custo da beleza; e O Custo do Transporte Global, coprodução entre a Espanha e a França dirigida pelo vencedor de mais de 30 prêmios internacionais Denis Delestrac, que faz uma audaciosa investigação sobre o funcionamento e a regulamentação da indústria de transporte oceânico – que movimenta 90% dos bens que consumimos -, assim como os impactos socioambientais ocultos.
Na temática Campo, o filme Os Despossuídos (Canadá/Suíça), dirigido por Mathieu Roy como um misto de cinéma vérité e ensaio audiovisual, promove uma jornada impressionista que nos revela, em uma era de agricultura industrializada, a luta diária da classe camponesa faminta. Dolores (EUA), de Peter Bratt, ganhou repercussão no Festival de Sundance e premiações em São Francisco e Seattle ao focalizar Dolores Huerta, líder trabalhista e uma das mais importantes ativistas dos direitos civis da história dos Estados Unidos. O austríaco Espólio da Terra, de Kurt Langbein, retrata investidores globais tanto em seu discurso sobre economia sustentável e prosperidade quanto em suas contradições: despejos, trabalho escravo e fim dos pequenos proprietários.
Já na categoria Povos Tradicionais destaca-se produção brasileira Amazônia Sociedade Anônima, na qual o diretor Estêvão Ciavatta focaliza índios e ribeirinhos que, em uma união inédita liderada pelo Cacique Juarez Saw Munduruku, enfrentam máfias de roubo de terras e desmatamento ilegal para salvar a floresta Amazônica. O documentário Resplendor, de Claudia Nunes e Erico Rassi, ganhou o Prêmio do Público de Melhor Curta na 9ª Mostra Ecofalante ao retratar um capítulo ainda muito obscuro da nossa história: a existência de um centro de detenção indígena, na cidade de Resplendor (MG), chamado Reformatório Krenak. Martírio, dirigido por Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida, busca as origens do genocídio praticado contra os índios Guarani Kaiowá. A produção foi premiada no Festival de Brasília, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival de Mar del Plata.
Plataforma Ecofalante Play com o acervo de filmes disponíveis – Foto: Reprodução/Ecofalante
Programa Ecofalante Universidades
A plataforma Ecofalante Play faz parte do Programa Ecofalante Universidades, criado em 2017 com o objetivo de levar para o ambiente educacional uma seleção de filmes que motivam a reflexão e o debate sobre questões atuais da realidade brasileira e mundial. O programa possui Termos de Cooperação Técnica-Educacional com todas as universidades públicas no estado de São Paulo – USP, Unicamp, Unesp, UFABC, Unifesp e UFSCar – e realiza anualmente centenas de sessões de filmes seguidas de debates em parcerias com dezenas de instituições de ensino no país.
O Programa Ecofalante Universidades vem fomentando a realização de Mostras promovidas pelas instituições, exibições de filmes em aulas e encontros técnicos, a criação de disciplinas, cursos, mini cursos e projetos de extensão. “Não existe uma única fórmula, as relações são construídas de forma customizada com cada professor e instituição, de acordo com os diferentes projetos educacionais e respeitando as realidades regionais. Acho que é por isso que o programa está crescendo e dando certo”, esclarece Chico Guariba, diretor da Mostra
Ecofalante de Cinema e coordenador do Programa.
O Ecofalante Universidades é viabilizado através da Lei de Incentivo à Cultura e tem patrocínio do Valgroup e da Colgate. É uma produção da Doc & Outras Coisas e realização da Ecofalante, do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e do Governo Federal.
Acesso à plataforma: https://play.ecofalante.org.br
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Com informações da ATTi Comunicação e Ideias – Eliz Ferreira e Valéria Blanco